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Escrita por Glalber Duarte.
CAPÍTULO 060
Reta Final!
CENA 001. CASA DE SÉRGIO. INTERIOR. SALA. RJ. NOITE.
(Continuação imediata do capítulo anterior. FUNDO: “PrayYou Catch Me”. SÉRGIO vai saindo da casa).
SÉRGIO – Eu vou deixar vocês a sós, qualquer coisa, você pode me ligar, ALAN!
LUIZ – Eu também. Vou ficar lá fora. Só quero te dar um abraço, meu amigo.
(LUIZ se aproxima de ALAN e o abraça).
LUIZ – Independente de sua decisão, eu estarei sempre ao seu lado.
ALAN – Obrigado LUIZ, de verdade!
(LUIZ e SÉRGIO saem da casa. CÂM se volta a RODRIGO).
RODRIGO – Preciso que me ouças.
CENA 002. HOSPITAL. EXTERIOR. NOITE.
(FUNDO: “RunningAway”. MAURO e JOÃO chegam ao hospital. Eles entram no local. CÂM afasta).
CENA 003. BECOS. RJ. NOITE.
(MARIANA e PEDRO passam por alguns becos, desertos. Até que entram numa rua sem saída).
CENA 004. CASA DE SÉRGIO. INTERIOR. SALA.
(FUNDO: “PrayYou Catch Me”. CLOSE na face de RODRIGO).
RODRIGO – ALAN, eu sei, eu sei que errei muito, errei totalmente até agora, só te trouxe confusão, aborrecimento. Mas, contigo, estou disposto a mudar, porque eu sei que só você poderá me fazer mudar por completo. Só você. Eu preciso de ti, eu te amo. Você me fez mudar muito. Quem era o RODRIGO antes pro RODRIGO de hoje? O amor, o amor que eu sinto por você me fizera enxergar que nós, sim eu me incluo, nós gays somos pessoas tão comuns quantoas outras. Você me fez enxergar isso! ALAN... Eu te agradeço tanto, mais tanto... Por você ter entrado na minha vida e ter me feito transformar em gente!
(ALAN fica quieto, sem reação. Os olhos de RODRIGO se enchem de lágrimas).
RODRIGO – Eu preciso sim, preciso dessa última chance. Eu quero mudar, quero te fazer feliz e ser feliz com isso. (engole seco, lágrimas escorrem de seu rosto) Me dê mais uma chance, ALAN, por favor!
(ALAN respira fundo).
ALAN – Eu não sei se eu devo... Não sei se posso passar o futuro ao seu lado. Você me machucou tanto. Aliou-se a PEDRO para revelarem a minha família, a definição sexual que tenho, tramou contra mim, me perseguiu, numa obsessão onde, sem você perceber, estava me fazendo mal, muito mal.
RODRIGO – Tudo o que fiz foi por amor, foi por amor a você! Eu não medi as consequências, agi sem pensar sim, mas estou aqui, arrependido, disposto a ser outro contigo, porque eu te quero, eu preciso de você!
ALAN – Estou muito, mais muito ferido. Eu preciso de novos ares, novos amores, novas pessoas em minha vida. O que tivemos ficou lá atrás, num passado, sim, num passado bem distante o qual eu não quero e nem faço questão de lembrar!
RODRIGO – Vai renegar nossos momentos felizes? O momento em que cuidou de mim, o momento o qual transamos? Pra mim, nossa transa supera todas as que já tive, com mulheres. Porque, a partir dela, eu me descobri o que sempre fui: Gay! Por mais que eu só tenha pegado mulheres e tal, nunca senti atração. Nunca mesmo! Eu mentia para todos os meus amigos, entre aspas, porque de amigo só tenho LUIZ, CARLOS, apesar de não falar muito, meu pai e você. Porque os outros... Ah, os outros... Só estavam comigo nas horas das bebedeiras, das farras, quando eu estava no meio de mulheres, no bem bom... Mas nessas horas, eu não era eu mesmo. Fingia, mentia para mim mesmo! Escondia de mim quem eu realmente era. Até eu te conhecer. Aí fui me desprendendo, me desprendendo do medo, do preconceito, da não aceitação...
(ALAN senta-se, exausto. Mal consegue falar).
RODRIGO – Não, não precisa falar nada. Eu só quero que ouça, só quero que ouça... Eu só tenho a lhe agradecer, por ter me feito descobrir quem eu sou e verdadeiramente o que é o amor. Eu mudei, quero mudar por completo, mas eu preciso muito de você ao meu lado!
ALAN – RODRIGO... Tente se colocar em meu lugar... O quanto que eu sofri, o quanto que minha vida mudou para pior a partir do momento em que você chegou a minha vida... A partir do momento em que você foi conhecer PEDRO... A partir do momento em que, num olhar apenas, julgou-me de uma coisa a qual eu nem poderia ser: Gay. Você errou desde quando supôs que eu fosse homossexual. Por quê? Pelo meu jeito? Pela minha voz? Pelo meu trejeito? Mas nisso você poderia se enganar. Porque não é pelo fato do jeito da pessoa que se pode definir algo. Não mesmo!
RODRIGO – Mas ALAN... Eu errei, estou lhe confessando. Eu errei, eu sei que eu errei, mas eu quero mudar, eu quero agora te fazer feliz!
ALAN – Já é tarde...
RODRIGO – Mas eu sempre te quis! Sempre me humilhei a você!
ALAN – Acho que é melhor, bem melhor, parar por aqui! O que tivemos, ficou no passado. Eu não quero ferir-me mais, não quero mais sofrer. Você sempre me falava que iria mudar... E eu não vi isso. Tanto que, você tentou me salvar, foi preso injustamente, mas, após isso, foi fazer intriga para MARIANA. E sabe lá Deus o que ela poderá fazer. Penso até que pode se juntar a PEDRO. O que uma obsessão não faz, não é? Tomo-te como exemplo.
RODRIGO – O que eu fiz foi por amor...
ALAN – Amor doentio, que faz o parceiro sofrer, ao invés de fazer feliz. Amor errado... O amor traz paz, felicidade... E não tristeza.
RODRIGO – Pode me acusar, eu tô errado, eu sei que estou errado, mas eu quero mudar e só com você eu posso fazer isso!
ALAN – Por favor, RODRIGO. Não insista. Por favor. Eu quero dar um ponto final nisso. Quero que siga sua vida, seja feliz... Porque o amor é permitir que o amado seja feliz, mesmo que esteja junto de si ou longe.
RODRIGO – Então você me ama, ALAN! Você me ama! Ama e quer me ver longe de você. Que amor é esse? Terá coragem em me deixar?
ALAN – Eu não quero mais sofrer, tente respeitar isso!
(RODRIGO se cala, chora compulsivamente).
RODRIGO – Eu... Eu... Eu sempre estarei aqui, sempre estarei de braços abertos pra você! Sempre o estarei esperando, caso mude de ideia. ALAN, eu sempre vou te amar, sempre! Pode ter certeza disso!
(RODRIGO se vira, ALAN se levanta, também chorando).
ALAN – Esse será nosso fim. Não daríamos certo juntos. Esse é o ponto final que eu dou em nossa relação!
(RODRIGO se vira novamente a ALAN, os dois ficam ali, observando-se, chorando, pois este é um adeus. RODRIGO sai da casa de SÉRGIO, em prantos. ALAN desaba no sofá, chorando. CLOSE em sua face).
CENA 005. CASA DE SÉRGIO. INTERIOR. SALA.
(LUIZ adentra a casa, indo de encontro a ALAN. FUNDO da cena anterior que se repete a cada vez que a música termina. ALAN limpa o choro, disfarçando).
LUIZ – Não disfarça. Você está chorando! O que resolveram?
ALAN – Eu não posso mais permitir que RODRIGO fique em minha vida!
LUIZ – Ele nem falou comigo, quando saiu... Estava em prantos, eu falei com ele, que não respondeu... (T) Enfim! É isso mesmo o que você quer?
ALAN – Estou cansado de sofrer, meu amigo. Cansado. RODRIGO já me machucou tanto por dentro. Hoje em dia, o que sobra dentro de mim são cacos de um coração não partido, mas trucidado!
LUIZ – Não é isso o que eu queria pra você, por mais que sinta atração por ti... Mas queria vê-lo com RODRIGO, ele mudou, ele poderia te fazer feliz.
ALAN – Eu não sei, realmente não sei. Minha cota de chances com ele acabou!
LUIZ – Essa chance que você o poderia dar, talvez até fossea última... Porque RODRIGO mudou, eu sei...
ALAN – Ai amigo, eu estou confuso... Realmente agora estou confuso... Dividido.
LUIZ – Eu tenho que acompanhar o RODRIGO. Temo com o que ele possa fazer. Eu tenho que ir rápido, pra alcança-lo, mas assim... Qualquer coisa que precisar, sabe o que fazer! Amanhã eu passarei aqui, pra te fazer companhia.
ALAN – Não precisa, já tem o SÉRGIO...
LUIZ – Falando nele, eu queria saber de uma coisa... Vocês dois estão juntos? Isso é verdade?
ALAN – Não! Eu não gosto do SÉRGIO, ele me ama. É tão legal, tão gentil... Mas só o vejo como um bom amigo, infelizmente.
LUIZ – Eu entendi. Pois bem, ALAN... Vou indo...
(LUIZ fala, se retirando).
LUIZ – Amanhã eu passo aqui, quero te fazer companhia. Também sou seu amigo.
ALAN – Espera! Vem aqui me dar um abraço.
(LUIZ vai de encontro a ALAN e o abraça, fortemente. Logo após, os dois se despedem).
LUIZ – Fica bem!
(LUIZ se retira da casa. ALAN fica ali, parado).
CENA 006. HOSPITAL. INTERIOR. RECEPÇÃO.
(FUNDO: “RunningAway”. MAURO está impaciente).
MAURO – Como assim, vocês não têm informação sobre meu filho? Ele estava aqui!
RECEPCIONISTA – Estamos sem sinal aqui, está péssimo!
MAURO – Eu não entendo isso, não entendo!
RECEPCIONISTA – Paciência! Poderiam vir amanhã?
JOÃO – Que merda, hein?
RECEPCIONISTA – Me perdoem, sabem como é o Brasil, não?
MAURO (puxa JOÃO, saindo) – Viremos amanhã. Passar bem!
(MAURO e JOÃO saem do hospital).
CENA 007. ENCRUZILHADA. INTERIOR. RJ. NOITE.
(FUNDO: “One Fatal Secret – Sepultura”. MARIANA está no centro de uma encruzilhada deserta. PEDRO fica a observar. Ela abre sua bolsa e retira vários objetos. Velas vermelhas, giz de cera, vinho, taças, um facão. Ela desenha com o giz, no centro da encruzilhada, um grande pentagrama invertido. Faz um círculo em volta dele. Põe as velas em cima desse círculo, fazendo com que as mesmas também fiquem em círculo).
MARIANA – Vem cá PEDRO! Você tem que ficar aqui dentro!
(PEDRO entra no círculo. MARIANA pega os fósforos e o vinho. Ela acende as velas, uma por uma. Pega a garrafa de vinho e enche as duas taças. Põe as bebidas na frente de PEDRO. MARIANA pega o facão e entra no círculo, senta-se de frente ao comparsa, deixando o objeto no chão).
MARIANA – Vamos recitar aquilo que eu lhe falei, palavras de adoração ao nosso novo Senhor!
(PEDRO encara MARIANA, o som do instrumental aumenta).
MARIANA – Agora é pegar ou largar. Após isso, não se tem mais volta. Vamos, ao morrer, diretamente ao inferno!
(PEDRO engole seco. MARIANA sorri diabolicamente. CLOSE em sua face).
MARIANA – E aí? O que irá decidir?
A SEGUIR CENAS DOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS
- ALAN anda pelas ruas.
- LUCIANA passa mal.
- MARIANA e PEDRO conversam.
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