Autor - Lucas Bonifácio.
Capítulo 20.
Passam se as horas.
EM SALVADOR - EM FRENTE A CASA DE MÃE NIRA.
Giselly chega em seu carro com Luíza. Mãe Nira ver a chegada delas pela janela. As luzes da casa estão todas apagadas.
No carro de Giselly.
Giselly: Poxa Luíza, é uma pena tú não querer trabalhar mais no cabaré. Estava animada em ter uma nova amiga no trabalho.
Luíza: Esse não é meu mundo não Giselly, acho que não devia ter aceitado essa proposta, agir por impulso. Por mais que minha mainha esteja precisando de dinheiro pra fazer a cirugia, se prostituir não e oque eu quero pra minha vida, e nem ela.
Giselly: Entendo Lú!
Luíza: Enquanto a nossa amizade, ela vai permanecer. Você só quis me ajudar e foi muito legal comigo, e isso vou levar pro resto de minha vida.
Giselly: Espero mesmo que nossa amizade continue.
Luíza e Giselly se abraçam.
Luíza: Pode ter certeza! Agora eu vou entrar, porque o dia já está quase amanhecendo.
Giselly: Vai lá!
Luíza sai do carro.
Luíza: Tchau, obrigada!
Giselly: Tchau, fique com Deus Lú.
Luíza: Vai com Deus também! Até mais!
Giselly sai em seu carro, e Luíza se encaminha para sua casa. Luíza abre a porta buscando não fazer barulho, mãe Nira acende a luz assustando Luíza.
Luíza: Mas oque isso...Mainha!
Diz surpresa ao ver a mãe de santo que a encara, demostrando contrariedade em seu olhar.
RJ - NA CASA DE ANTÔNIO - NA SALA.
Almir e Olívia estão sentados no sofá esperando a ligação do hospital. O telefone toca, Almir atende.
Almir: Alô?
Doutor: Oi senhor Almir, sou eu o doutor Leandro.
Almir: Oi doutor, e ai, mais notícias da minha mãe?
Doutor: Tenho duas, uma boa e outra ruin. A notícia boa é que a dona Vera não teve muitos ferimentos e vai receber alta amanhã.
Almir: Graças a Deus!
Diz ele aliviado.
Doutor: E a notícia ruin e que ela não tem previsão de usar as pernas.
Almir: Como assim doutor?
Pergunta tenso.
Doutor: O impacto da batida foi muito forte e isso acabou fraturando gravemente os dois ossos dos joelhos dela.
Almir: Então quer dizer que minha mãe vai ficar em uma cadeira de rodas?
Doutor: Infelizmente sim! Ela quer submeter a fazer uma cirugia amanhã, mais mesmo assim, a chance dela voltar a ter os movimentos das pernas não é certeira. Vai ser preciso ela participar de fisoterapia, e com isso, futuramente, ela pode apresentar melhoras.
Almir: Entendi, e como ela recebeu essa noticia doutor?
Doutor: Ela ficou bastante abalada, chorou muito, mais conseguiu se acalmar, agora ela está dormindo. Forante as pernas ela está bem, teve alguns ferimentos leves, mais se forem bem cuidados ela estará 100%.
Almir: Graças a Deus! Daqui a pouco eu vou pegar o vôo e ir buscar ela. Obrigado por tudo doutor Leandro, boa noite.
Doutor: Boa noite senhor Almir.
Eles encerram a ligação.
Olívia: Almir você disse que a dona Vera está na cadeira de rodas...Por acaso ela perdeu os movimentos das pernas?
Almir: Perdeu sim Olivia.
Olívia: Ai meu Deus, tadinha!
Ela senta no sofá chocada.
Almir: Mas o doutor disse que ela pode apresentar grandes melhoras caso participe de fisoterapia. Mas pode levar a algum tempo, e não é certo.
Olívia: Mas pelo menos é uma esperança de que ela pode voltar a movimentar as pernas, e que dia ela vai receber alta?
Almir: O medico disse que amanhã mesmo, após ela fazer a cirugia.
Olívia: Graças a Deus!
Almir: Amanhã eu busco ela pra vir morar com a gente. Sabe meu amor, eu fico tão preocupado com a minha mãe, ela deve tá muito abalada com isso, sei lá, tenho medo dela ficar muito mal, depressiva.
Ele se senta no sofá tenso.
Olívia: É Almir, receber a notícia de não pode andar, não deve ser nada agradavel, ainda mais a minha sogra que é tão pra cima, cheia de vida, aventureira. Mas vamos fazer oque o doutor disse, colocar ela em uma fisoterapia, que há chances dela ter melhoras.
Almir: E meu amor, você tem razão!
Almir deita a cabeça no colo de Olivia.
NA CASA DE MÃE NIRA - NA SALA.
Luíza e mãe Nira estão frente a frente.
Luíza: Mainha!
Diz a jovem assustada.
Mãe Nira: A onde é que você estava Luíza?
Pergunta a senhora séria.
Luíza: Eu, eu, eu estava...
Mãe Nira: Se prostituindo não é?
Luíza: Não mainha, não.
Luíza se desespera.
Mãe Nira: Não menti pra mim Luíza, eu te vi saindo com uma prostituta.
Luíza: Não mainha, a "sinhora" tá enganada, eu fiquei em casa o tempo todo, só sair pra...
Mãe Nira: Toma vergonha na sua cara menina e me fala a verdade! Você acha que eu não te vi saindo de casa e entrando no carro da tal Giselly.
Grita.
Luíza: Calma mainha, calma, eu, eu vou lé explicar.
Mãe Nira: Então explica Luíza, explica agora!
Diz nervosa. Luíza começa a chorar.
Luíza: Olha mãe Nira, eu não vou mentir. Eu fiz isso sim, mas fiz pela "sinhora".
Mãe Nira: Por mim?
Diz com repúdio.
Luíza: Eu queria lé ajudar a ganhar dinheiro pra fazer o transplante mainha, foi por isso que fiz isso.
Mãe Nira: Me ajudar Luíza? Me ajudar? Isso não é ajuda, é sem vergonhice! (Grita) - Meu Deus, eu já cansei de te ensinar as coisas certas e erradas da vida, será que até hoje você não aprendeu menina?!
Luíza: Eu sei mainha, eu sei que fui errada, mas eu agir sem pensar! Eu queria ajudar a "sinhora" a todo custo. Mais olhe, eu juro pra "sinhora" que não cheguei a ficar com ninguém, com ninguém.
Mãe Nira: E você espera que eu acredita nessa mentira menina?
Luíza: É sério mainha, eu juro, eu juro por tudo que for mais sagrado nesse mundo.
Luíza se ajoelha aos pés da mãe de santo em lágrimas.
Mãe Nira: Para de jurar em vão!
Luíza: Por favor mainha, acredita em mim, eu tô falando a verdade.
Mãe Nira: "Paraaaaaa".
Mãe Nira empurra a jovem que vai ao chão aos prantos.
Mãe Nira: Se você queria mesmo me ajudar, teria arrumado um trabalho sério, direito, digno! Não uma profissão de mulher sem vergonha, da vida. (Mãe Nira começa a chorar) - E eu achando que você era uma menina decente.
Luíza: Não me julgue mãe Nira, por favor!
Chora a jovem ao chão.
Mãe Nira: Meu Deus que decepção! Que decepção! Se sua mãe estivesse viva ela estaria muito triste e decepcionada com você, como eu estou agora! Eu não te criei pra isso.
Lágrimas escorrem dos olhos de mãe Nira.
Luíza: Me perdoa mainha, me perdoa por favor, me perdoa.
Implora em lágrimas.
Mãe Nira: Não vai ser facil te perdoar Luíza, você não podia ter feito isso. (Diz chorando, mãe Nira sente uma forte dor no peito) - Ai, ai "aaaai"!
Mãe Nira coloca a mão em seu peito esquerdo.
Luíza: Mainha?
Mãe Nira: Essa dor de novo, ai, "aaaai".
A dor aumenta.
Luíza: Ai meu pai, calma mainha calma, deixe eu lé ajudar.
Luíza se levanta tensa e segura no braço de mãe Nira, a mãe de santo desmaia nos braços da jovem.
Luíza: Mãe Nira! Ai meu Deus, mãe Nira oque aconteceu? Mãe Nira! (Ela coloca a senhora no chão) - Mãe Nira fala comigo! Mainha, mãe Nira acorda!
Chama a sacodindo.
Luíza: Mãe Nira! Ai meu Deus.
Luíza vai correndo ao telefone e faz uma ligação.
Luíza: Alô, é do hospital São Jose?...Pelo amor de Deus venham no bairro de Dinorá, é um caso de emergência.
Diz desesperada.
RJ - NA CASA DE ANTÔNIO - NA SALA.
Olívia está conversando com seus filhos.
Antônio: Quer dizer que a vóvó vai ficar em uma cadeira de rodas?!
Olívia: É meu filho, infelizmente sim!
Antônio: Coitada da vóvó!
Diz Antônio entristecido.
Marcelo: Mas mãe, como aconteceu esse acidente com ela?
Olívia: O doutor disse que as testemunhas disseram que ela foi atravessar a rua e não olhou direito para os lados, então um carro acabou atingindo ela.
Marcelo: Poxa vida! Como a vó não deve está se sentindo? Justo ela que gosta tanto de passear, viajar, agora em uma cadeira de rodas.
Olívia: É meu filho, isso é muito triste, o médico disse que ela ficou bastante abalada quando soube da notícia.
Antônio: E o pai mãe, onde ele está? Até agora não vi ele.
Olívia: Seu pai já pegou o vôo e foi buscar sua avó. Coitado, nem pregou os olhos, viajou já era cinco horas da manhã.
Marcelo: Não dá nem pra acreditar que a vóvó está passando por isso.
Diz o jovem triste.
EM SALVADOR - NO HOSPITAL - NO QUARTO 15.
Almir está abraçado com sua mãe que já está na cadeira de rodas com as pernas engerssadas.
Almir: Oh mãe, estava tão preocupado com você.
Diz o homem em lágrimas.
Vera: Ai meu filho, tá bom! Também não precisa ficar chorando né, eu já estou bem!
Almir: Mas é que eu fico triste em te ver assim mãe, sem poder andar, nessa situação.
Vera: Que isso meu filho, você não está me conhecendo não? Eu sou sua mãe, eu sou forte! Você vai ver, logo, logo eu vou sair dessa cadeira de rodas. Agora para com esse chororó, porque se não agorinha vou ter que abrir um guarda chuva, pra mim proteger das suas lágrimas!
Almir: Nossa mãe, eu aqui preocupado, e a senhora age como se nada tivesse acontecido.
Vera: Ah filho, eu mesmo fiquei abalada só quando recebir a noticia, mas infelizmente já aconteceu, não tem como voltar atrás. E não vai ser isso que vai tirar a minha alegria e vontade de viver, eu vou continuar sendo a mesma de sempre, e vou lutar pra sair daqui.
Almir: Ah mamãe, a senhora tão positiva. Admiro esse seu otimismo!
Vera: Eu sou assim, não adianta se lamentar. Só que agora eu vou precisar do apoio e ajuda de vocês né.
Almir: A gente vai te ajudar mãe, pode ter certeza, agora a senhora vai ser a nossa bebe.
Almir abraça sua mãe.
EM FRENTE A CASA DE MÃE NIRA.
A ambulância já chegou, e o motorista com a ajuda de Luíza e outro vizinho estão colocando mãe Nira no carro. Geovanna passa por ali e fica assustada, Luíza está chorando preocupada.
Luíza: Aqui seu moço, cartão do sus e indentidade de mãe Nira.
Ela entrega os documentos para o motorista. Geovanna se aproxima de Luíza.
Geovanna: Luíza, oque aconteceu?
Luíza: A mãe Nira Geovanna, desmaiou!
Geovanna: Meu Deus, mas oque aconteceu com ela?
Luíza: Agora não dá pra explicar Geovanna, eu tenho que ir!
Geovanna: Espera amiga, eu vou com você!
Elas entram na ambulância, que dá partida a caminho do hospital.
Eterno Verão.
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