CAPÍTULO 004
Escrito Por GLALBER E. DUARTE
Personagens do Capítulo: MARIANA / ALAN / CARLOS / VITÓRIA / RODRIGO / LUIZ/
Apoio: FUNCIONÁRIO
CENA 001. PÁTIO DA UNIVERSIDADE. DIA.
(Continuação imediata do capítulo anterior. FUNDO: “The DuneSeaOfTatooine/Jawa – John Williams”. MARIANA está caída ao chão. ALAN cruza os corredores e vê a jovem. Ele corre assustado. Chega de encontro a MARIANA e dá uns tapas de leve na face dela).
ALAN – Ei? Ei? Garota? Acorda!
(Em volta de ALAN e MARIANA, há uma aglomeração de jovens, que se formara aos poucos. Ele fica aflito, agoniado. Até que resolve sair do local, do centro das atenções. ALAN levanta MARIANA pelos braços).
ALAN (grita) – Me dá licença! Licença.
(Com muito esforço, ALAN sai do local. Ele corre com MARIANA nos braços).
CORTA PARA:
CENA 002. SALA DA DIREÇÃO. INTERIOR.
(CORTA A MÚSICA. FUNDO: “Cantina Band – John Williams”. CARLOS, VITÓRIA e o FUNCIONÁRIO, na cena).
VITÓRIA – Eu não posso acreditar. Não posso. Entrei em 2016 com o pé direito e quebrei-o. É tanto azar na minha vida.
CARLOS – Eu que o diga, parece que fui um homem perverso em vidas passadas...
VITÓRIA – Tá vendo muito novela das seis, meu bem.
CARLOS – Não é coisa de novela e sim, realidade. Acredito em vidas passadas sim e mereço respeito.
VITÓRIA – Uma pessoa ignorante feito você não merece nenhum tipo de respeito.
FUNCIONÁRIO – Chega gente, chega! Saiam daqui, vão, chispam. A primeira aula começará daqui a uns cinco minutos. Se apressem.
(CARLOS olha para VITÓRIA, esperando a mesma sair).
VITÓRIA – O que é agora? Tá esperando o que?
CARLOS (estende o braço) – Primeiro as damas.
(VITÓRIA agradece, gesticulando, irônica. Ela vai andando).
VITÓRIA – Depois os cavalos.
(VITÓRIA vai à porta e dá de cara com ALAN com MARIANA, que esbarra na mesma, que gira e cai na cadeira. VITÓRIA levanta, aborrecida).
VITÓRIA – Tá cego?
ALAN – Você quem se meteu no meu caminho.
CARLOS – Vixi, depois dessa eu até me retiro. Fui!
(CARLOS se retira. VITÓRIA se aproxima de ALAN).
VITÓRIA – Seu tolo. Você me aguarde.
ALAN – Eu não tô com paciência pra aborrecente de TPM não. Será que não enxerga o que está acontecendo? Eu encontrei essa jovem desmaiada no pátio.
(FUNDO: “Falling – Eduardo Queiroz & Felipe Alexandre”. CLOSE na expressão assustada de ALAN. Ele se dirige ao FUNCIONÁRIO).
ALAN – Preciso de ajuda. Socorro!
CORTA PARA:
CENA 003. SALA DE AULA. INTERIOR.
(Continua o instrumental da cena anterior. LUIZ volta à sala. Chateado. RODRIGO provoca).
RODRIGO – Não achou o namoradinho não? Ui ui.
LUIZ – Não me venha com tuas ironias. Estou de saco cheio, já.
RODRIGO – Mal conheceu o garoto e já arrasta asa pra ele. E se vira contra seus amigos.
LUIZ – Será mesmo que você é meu amigo? Será? Esse teu preconceito te desconstrói todo, te muda por inteiro. Te cega, você não consegue enxergar as coisas boas da vida.
RODRIGO – Como se esses viadinhos fossem bons. Ah, vá. Os travecos então, só andam na base da navalha.
LUIZ – Pra se defender de gente como você.
RODRIGO – Pra roubar. Isso sim. Isso que eles fazem.
LUIZ – Como se héteros não roubassem. E os pivetes da Central? Por favor... Só faltam falar que eles estão certos.
RODRIGO – Sim, estão. Eles gostam de mulher, gostam de um rabinho...
LUIZ – Como se gays não gostassem de um “rabo”.
RODRIGO – Gostam pra cacete. De dar... Esses baitolas. Viadões.
LUIZ – Eu confesso que não estou reconhecendo mais você. Essa ira acaba contigo.
(A conversa é interrompida quando o professor entra. Os alunos também. FUNDO: “WhileMyHarpejiiGentlyWeeps – Mú Carvalho”. LUIZ e RODRIGO sentam-se, um do lado do outro. LUIZ observa RODRIGO, distraído).
CORTA PARA:
CENA 004. SALA DA DIREÇÃO. INTERIOR.
(O FUNCIONÁRIO se prepara para ligar, mas MARIANA acorda. Ela está recostada numa cadeira. Leva as mãos à cabeça e começa a chorar. Compulsivamente. A jovem baixa a cabeça).
ALAN – Poderia me deixar à sós com ela?
FUNCIONÁRIO – Sim, tudo bem. Qualquer coisa é só me chamar.
(O FUNCIONÁRIO sai. ALAN vai de encontro à MARIANA. Ele agacha e leva às mãos de encontro ao rosto dela).
ALAN – Ei? O que houve?
(MARIANA fica muda. Só consegue chorar).
ALAN – Se não conseguir falar, eu respeito. Mas digo que tudo dará certo. Deus é justo.
(ALAN se levanta e vira-se para sair. Mas para, ao ser interrompido pela voz de MARIANA).
MARIANA – Justo?! Um Deus que leva minha mãe, a única pessoa que tenho na vida, assim, sem mais nem menos?!
(ALAN se vira, assustado).
ALAN – Tua mãe?! Tua mãe mor/
MARIANA – Sim, morreu. Sofreu um assalto no Centro da Cidade. Aqueles pivetes. Ela nem reagiu, mas mesmo assim, foi esfaqueada, à céu aberto, em plena manhã. Onde tem justiça de Deus nisso?! Eu, minha mãe somos servas do Senhor, trabalhamos na obra dEle e me vem acontecer uma coisa dessas. E aí?!
ALAN – Possa ser que tenha sido vontade de Deus, não sei.
MARIANA – Deus é muito injusto. Muito. Pra fazer isso comigo. Eu não aceito! Não aceito!
(MARIANA levanta, inquieta. Anda de um lugar para o outro. ALAN se aproxima dela e lhe dá um abraço).
ALAN – As vezes Deus faz coisas que a gente não entende. Não devemos questionar, não devemos reclamar. Apenas aceitar. Agora vá, chora. Chora que alivia a alma, limpa, revigora.
(MARIANA continua a chorar. CAM afasta).
CORTA PARA:
A SEGUIR CENAS DOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS
- ALAN e MARIANA entram na sala de aula.
- CAMILA grita.
- PEDRO discute com ALAN.
FIM DO CAPÍTULO
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